quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O acordado não é caro.

O calor que fez hoje de manhã era um aviso que teríamos chuva. Na mosca! E que chuva!!! Os raios parecem cair na minha varanda. Eu nunca tinha visto desses...
Thor, o Deus do Trovão
Lembrei que quando descobri que seria pai, trovejava muito em Salvador! E era exatamente nessa época do ano! Fui com Cissa buscar os exames no laboratório, certo do resultado e de que seria um menino. Thor, o Deus do Trovão! Durante um tempo, dizia que daria o nome de Thor ao meu filho. Cissa curtiu. Mas minha avó Nancy se encarregou de desconstruir a ideia, alegando que Thor iria sofrer com os coleguinhas da escola, com o apelido óbvio de Totó. Na época não tinha Passione, Totó era nome de cachorro. Para não contrariar a pessoa que mais me amou nessa vida, decidimos chamar o nosso filho de Henrique. Nancy na verdade arranjou um jeito delicado de dizer que não concordava que o primeiro bisneto tivesse um nome exótico......
Aos poucos, a tempestade que cai lá fora foi tirando os meus recursos. Primeiro caiu o sinal da internet, depois os canais da parabólica desapareceram. E por fim, agora faltou luz. Como falta luz nessa terra!!!! Daqui a pouco os geradores entram em ação.
Volta pro texto...... Ontem vi na TV uma matéria que falava sobre a dificuldade de comunicação entre as pessoas, toda montada em cima de um caso interessante. Um cidadão morador de Brasília perdeu um longo tempo tentando explicar para uma atendente de telemarketing o seu endereço. Ela não entendia e ficou irritada com isso. Em Brasília os endereços são siglas. O camarada dizia “SQN, 240” e ela dizia que não entendia. Ele mora na super quadra norte, 240. Simples. Depois de muita luta ele falou: “É Sapo Quase Nada, 240”. Ela sinalizou que tinha entendido e desligou.
Quando chegou a correspondência, estava lá – “Sr. Fulano de Tal, Endereço: Sapo Quase Nada, 240, Brasília – DF”. A correspondência chegou!!!! O responsável pelos Correios justificou que se o CEP está correto, a correspondência chega. Não é simples? E Tia Memélia ainda vem me dizer que não é tão simples assim descomplicar o complicado!!!! hahahaha
Complicamos as coisas sim. Outra vez ouvi Mário Kértesz contar que pegou um taxi em Portugal e pediu para ir a determinado restaurante. O taxista falou que sim e seguiram viagem. Quando chegaram lá, o local estava com tapumes, em reforma. E o taxista disse “pronto senhor”. Mário disse, mas o restaurante está fechado!”. E foi obrigado a ouvir “o senhor me pediu para trazê-lo aqui!”. O taxista estava certo. 
Tenho prestado atenção para não deslizar nessas situações. Mas ontem foi fatal. No almoço perguntei ao garçom Landinho (esse é o nome dele mesmo!) se tinha café. Ele disse que tinha. Se passaram mais de 10 minutos e nada do café.... Aí eu matei a charada, mas decidi tirar a prova. Perguntei a Landinho pelo café. Na lata ele mandou: “Mas Heitor, você perguntou se tinha!!!”.
Um colega brasileiro não consegue digerir bem isso. Já o outro, Carlos Henrique só faz rir. Mas Cleber é estourado, diz que é absurdo, que angolano não é proativo, que o serviço é ruim, que não tolera. Fui obrigado a discordar dele e dar razão a Landinho. O vacilo foi meu. Eles tratam a comunicação melhor que nós, isso é inquestionável.
Engraçado que apelido aqui é sobrenome. E tem pessoas que têm sobrenomes no lugar do nome próprio. Exemplo – tenho um colega que se chama Almeida Queta. Queta, na verdade era para ser Keta, mas o escrivão trocou as letras. E Keta em kikongo é leal. Em casa os pais o chamam de Leal, que é a sua alcunha. Alcunha aqui é apelido. Então, ou você fica ligado ou se atrapalha.
Do mesmo jeito, aqui tem gente que não tem sobrenomes típicos. Exemplo – o nosso diretor se chama Alfredo José Adelino. Só isso. Nosso motorista se chama Miguel Lino, apesar de que Lino pode ser nome ou sobrenome no Brasil..... A alcunha dele é Alex, e é assim que ele gosta de ser tratado.
Perguntei ao Prof. Queta se ele já tinha visto o novo acordo ortográfico. Vixe, a conversa rendeu.... mas resumindo, não viu, aqui não chegou e acho difícil um dia aquilo chegar e valer por aqui. Continuarão a escrever económia, director, planeamento, assembléia e por aí vai. Ele disse inclusive que o acordo foi uma proposta feita pelo Brasil, mas que não sabe se os outros países de língua portuguesa irão adotar. Ainda estão a avalair. Mas não era acordo? Preferi não render a conversa.  

7 comentários:

  1. Adoro poder curtir esses detalhezinhos do dia a dia, tão simples, tão dia a dia e ao mesmo tempo tão enriquecedor.
    Viva meu professor Heitor!!!!! To aprendendo viu?

    ResponderExcluir
  2. Amigo,

    Aí se fala portugues de Portugal, será que a sacanagem com o povo é a mesma com aqui,e a velha máxima que para bom entendedor meia palavra basta, acho que aí isso não vale.

    Idéia para próximo texto piada de portugues em Angola.

    Por fim tomou ou não o café de Landinho?

    Com certeza daqui há uns dez ou vinte anos vou me lembrar desse fato. kkk.

    Forte abraço!

    Jorge William

    ResponderExcluir
  3. Amei a comunicação em Angola! Sou fã de Landinho!!!! Ele está certo, você apenas perguntou se tinha o café mas não pediu.

    ResponderExcluir
  4. Relâmpagos e trovões! Lembro desse dia, se não me engano 22 de novembro. rs.
    Tô adorando o seu blog.

    ResponderExcluir
  5. Gostei de Landinho ! rrrrrssss!!!!!
    Ele me lebra um vendedor de tintas, amigo de Beto: entrou um cliente na loja procurando por "remedio" para cupim, ele respondeu: seu cupim esta doente ? se você quer matar o cupim deve coprar veneno né.

    Elaine

    ResponderExcluir
  6. Fui comprar um celular e pedir para vendedora mostrar o aparelho, sabe qual foi a resposta?

    senhor,o aparelho não está disponível para degustação. rsrsrsr...

    acho que estava bebado e entrei no lugar errado.

    Um grande abraço.

    Beto

    ResponderExcluir