sábado, 6 de abril de 2013

Status pela pirataria

Dar aula no centro da cidade é sempre uma farra. Mercados populares me fascinam desde pequeno. O movimento do consumo do povão é uma verdadeira festa: gritaria, babado, confusão.

Fui almoçar no shopping e para percorrer menos de 200 metros, entre o local da aula e o Center Lapa, foi uma agonia. Camelôs vendendo de tudo, um mundo de gente pra lá e pra cá, com um sol digno de praia, em pleno mês de abril. Minha natureza mercadológica vibra com essas experiências. Gosto de feira, de supermercado de bairro, de camelô, de shopping popular. Eu sou do povo... Fico feliz com a chegada das grandes classes C e D na nova dinâmica do consumo.

Comento sempre com os meus alunos que o consumidor adota comportamento de bando. É o lado ID da nossa natureza interferindo diretamente nas compras. Um dia desses, perguntei a Henrique se ele estudava no Colégio Hollister. Ele achou a brincadeira sem graça kkkkk. É que eu tinha visto uma postagem criativa nas redes sociais sobre o comportamento de compra de adolescentes. Sem exagero, todos, simplesmente todos os amigos dele usam Hollister!!! Menos Rodrigo! Fiz a mesma pergunta para ele e a resposta foi inusitada: "Porra de Hollister, eu estudo é na Escola Cyclone, tio!"




Apois, como se diz lá em Sergipe, saindo do Center Lapa me deparo com um camelô vendendo camisetas Hollister em um varal. Várias, de vários modelos e cores. Tinha Abercrombie e Aéropostale também! E os clientes estavam fazendo a festa!!!! A festa do status, através da pirataria. É a pseudo inclusão, o "jeitinho" para se inserir no mundo das marcas de luxo, para se sentir mais rico, ou menos pobre. Nada contra as classes mais populares, aliás quem me conhece sabe que sou entusiasta da classe C. Mas a pirataria é muito cruel com marcas como essas, que construíram ao longo de tanto tempo no mercado, um posicionamento bacana, com públicos bem segmentados e específicos. Se fosse gestor de uma dessas marcas, iria pirar.... Está aí mais uma prova de que consumimos marcas e não produtos.