quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Diferentes, mas iguais.

Nunca despreze uma informação. Uma hora, ela servirá para alguma coisa.
Em uma das minhas pesquisas, aprendi um ditado kikongo que gostei muito. Estava guardado para usar na hora certa.
Menga ma mbwa, menga ma mbulu.

A tradução é - Sangue de cão, sangue de lobo. Diferentes, mas iguais. Sábio esse ditado. Profundo esse pensamento kikongo.
Já faz um tempinho que vivemos uma situação constrangedora. Estávamos no mercado e Cleber olhou para uma criança de uns 3 ou 4 anos. O menino abriu um berreiro, e a mãe acalmou a criança dizendo “Não chora bebê! Ele é pula, mas é gente como nós.” Pula é branco. Cleber virou alvo de piada, dissemos que o menino ficou com medo, que foi a feiura dele e por aí vai.
Ontem foi a minha vez! O filho da funcionária da cantina estava sentado brincando e quando me viu chegando, fez cara de pânico e saiu chorando, e gritando “Mama, mama!!”. O motorista Alex riu muito e disse que o guri morre de medo dos professores brasileiros. Porque somos diferentes.
E como estou estudando kikongo, já vou praticando:
Menga ma Mumbundu, menga ma Mundele.
Sangue de negro, sangue de branco.
Inevitável lembrar de uma série de comerciais da Bennetton sobre o tema.  Alguém se recorda?

4 comentários:

  1. Muito bom Heitor! Já dizia Bob Marley, "enquanto a cor da pele valer mais que o brilho dos olhos, sempre haverá guerra!

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  2. Poxa! amigo você foi profundo. Que experiência de vida em ?

    Elaine

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  3. Cunhado

    É incrível para nós, que vivemos nas ditas "cidades grandes, países grandes" perceber que existem pedacinhos de "tribos" de verdade. E não é filme de Indiana Jones.

    Heitor, sem dúvida você ganhou um grande presente indo para Angola. Pense nas experiências que você vai passar para Henriquezinho...

    Cunhado, a hora mais feliz para você é essa interação com a família e amigos. Acredite que para mim também é um vício, procurar pelo novo post. Eu me divirto, me emociono, viajo na maionese mesmo.

    To ansiosa pelo final de ano, para trocarmos muitas figurinhas. Serão encontros familiares maravilhosos, nos quais , COM CERTEZA, você será a figura principal.

    Beijos

    Kene

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  4. então, heitor... passei por isso também, mas não tão crítico como nos casos que vc contou (talvez não seja tão feia como vocês!rsrs).

    uma vez foi no uige - saí para conhecer a cidade e um bando de crianças começou a nos seguir; as pessoas com quem estava (todas angolanas) me disseram que era por minha causa, que provavelmente as crianças chegariam em casa e contariam às suas mamas que haviam me visto, que nem a moça da novela, com tanto cabelo liso! e nesta última viagem, o motorista parou no caminho para lavar o carro; enquanto esperávamos, surgiram 3 miúdos, olhando com curiosidade; como estava com minha câmera, perguntei se queriam que eu os fotografasse e aí criamos o vínculo; depois de várias fotos e risadas, uma delas me perguntou: "esse cabelo, é seu?"

    como eu digo, angola sempre vale a pena, é só saber ajustar o olhar!

    xaleno kia mbote, meu camba!

    cristina lepikson

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