quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Cheguei. Estou na terra da Palanca Negra!

18 de outubro de 2010
Depois de uma Maratona saindo de Salvador, passando pelo Rio, chegamos ao Aeroporto de Luanda pouco depois das 6 da manhã no horário local. Como foi uma viagem longa e cansativa, o dia de hoje foi livre. Ficamos durante o dia descansando em uma casa da empresa, em Maculusso, bairro central de Luanda.  Cleber e Carlos Henrique são os meus dois companheiros de quarto. A partir de agora e por esses ”dois meses e pouco”, esses dois caras serão meus companheiros também de Mbanza Congo. Depois falarei de cada um deles. As garotas que viajaram conosco ficaram em uma outra casa, aqui chamada de “Casa de Passagem”, no Bairro Projecto Nova Vida.
A minha primeira impressão sobre Luanda foi que estamos em um canteiro de obras. O trânsito é algo preocupante e o povo é muito alegre e receptivo com brasileiros. Depois de assentar a poeira da viagem, dormi e só levantei 16h. Demos uma volta pela vizinhança da casa de Maculusso, fomos no mercado e na padaria. Fomos ao Belas, simpático shopping de Luanda, comemos por lá. A comida tem um tempero bem carregado. A feijoada daqui é feita com óleo de palma. E é tudo bastante caro. Para terem uma idéia, o meu prato pesou 140gr e paguei  670 Kwansas, equivalente a uns R$ 12,50. Ou seja, o quilo da comida a quilo é perto de R$ 90,00, em um restaurante bem simples...
A noite, depois do shopping, nos mudaram para uma outra casa, onde terá um treinamento amanhã. Por conta do trânsito.... teríamos que acordar mais cedo ainda se ficássemos no centro.

19 de outubro de 2010
Hoje tivemos o dia inteiro de treinamento. Amanhã, a mesma coisa.... Foco no trabalho. O tempo todo.
Hoje, depois das atividades, meu chefe me disse que quando eu voltar ao Brasil poderei dizer que morei na Floresta Equatorial Africana. Isso me deixou muito empolgado.... Big Five! Big Trees!!!!
20 de outubro de 2010
Hoje tivemos o dia inteiro de treinamento. Amanhã vai até o meio dia. De novo. Planeamento (é assim mesmo que se escreve aqui!) de actividades (mais um "c"), normas e procedimentos da empresa... O dia todo com foco nas atividades.
De noite voltei ao shopping. Alguns colegas foram ao cinema e aproveitei a carona, ops! a boleia (aqui é assim que se fala!).   
Vamos, lá, já que falamos de curiosidades da língua. Aprendi que fila aqui é bicha. Como em Portugal. Doente é incomodado (lembrei de Vó Nancy!). Quando se dá bom dia eles dizem obrigado! Gostei disso! Quando os nacionais (é assim que devemos nos referir aos angolanos) se despedem dizem estamos juntos. Carro pipa aqui é o carro que transporta cerveja. Lembrei de meu pai, de Beto, de Carlinhos, de Verônica, do “cunha” Henricão, da sogra “coral”, da galera do Pau d´Arco.... traz um carro pipa aí!!!!!! É cerveja demais!!!! Carro é viatura. Celular é telemóvel. Sanduiche é tosta. Se você quiser dizer que vai daqui a pouco, você deve dizer que vai daqui a um bocado!! Vá entender essa, é ao contrário!!!!!
Comprei uma camisa oficial da Seleção Angolana para Henrique. O preço tava bom... e antes que os rubro negros brinquem, vou logo dizendo que além de ser para a coleção de exóticas do meu filho, as cores de Angola são vermelho, preto e AMARELO!!!!!! Linda camisa, tem um Palanca Negra no ombro,  belo animal símbolo do país. Massa, meu filho vai gostar. Aliás, fiquei impressionado com as camisas das seleções patrocinadas pela Puma – Camarões, Gana, Egito, Marrocos, Costa do Marfim. Todas lindas!!! Lembrei muito do meu filho.... Olhem a Palanca egra aí embaixo! Na esquerda estilizada, por cima do mapa de Angola. Ao lado, uma foto desse animal que só tem aqui.

Lembrei também de Cissa – vi um Swatch lindo que comprei para ela em um natal, há muitos anos.  Ela adorava, mas quebrou. Quem sabe não levo um de presente.... Lembro dela em todas as refeições também.... definitivamente, você iria sentir muito a mudança na dieta Cissa.... 
Aliás, se você quer dar valor à sua família, fique longe dela um tempo. Impressionante como cada coisa, por mais simples que seja, te faz lembrar “os seus”, como dizia Vovó Nancy. Cada planta ou animal diferente lembro de meu pai e sua “memória expandida” de nomes científicos. Vejo muitos Baobás e babas - lembro de Henrique. Lembro de Cissa nas minhas explorações sobre cultura, religião, história, geografia de Angola. Minha mãe adora o Shopping Barra, porque é pequeno. Ela não gosta dos outros porque se perde... ela vai adorar o Belas se vier a Luanda!!!!
Mas lembro dos outros – de Duda e Patrícia lembrei quando vi médicos e clínicas cubanas na rua. De Duda, de novo com a carne de carneiro caríssima no mercado. De Juliana e Felipe no “Barque” do shopping. De Beta lembrei quando vejo alguns colegas já de banzo. Como minha irmã ficou triste quando se mudou para SP para o doutorado!!!! De Tia Anna Amélia com tudo que se refere à língua portuguesa falada por aqui. De Tatá, minha tia negra (com muito orgulho!!!), quando vejo pelas ruas mulheres angolanas em suas roupas coloridas, super-elegantes, de nariz em pé e orgulhosas da sua raça. Muito lindo mesmo...
Vamos fazer assim: vou falando do resto da galera nos posts seguintes. Para não ficar chato e esgotar o assunto. Prometo que estarei a falar de todos.... hahaha já estou a me habituar à escrita ao modo angolano.....

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