sábado, 6 de novembro de 2010

Viva a corrida! Viva a endorfina!

06 de outubro de 2010
Falava com Cissa mais cedo e dizia que estava sem saco para escrever hoje para o blog. Fico  sentido, pois soube que Tia Tatá todo dia confere nosso blog procurando novidades. Minha mãe, do jeito dela, manda e-mail dizendo que como não mandei notícias ela decidiu me escrever.  Essa é a forma dela cobrar ”Meu filho, escreva!”. Fora o resto do povo que manda mensagem, posta comentários, interage, cada um no seu estilo. Tia Memélia, por exemplo, diz que gostou e tal, mas sempre acha um errinho.... tenho me policiado muito na revisão. Minhas cunhadas Kau e Kene, sempre estão opinando. Beta, bate ponto direto também. Alexandre Huang e Robinson da Marathon seguem acompanhando sempre com humor e uma malícia baiana, mesmo sendo “gringos”.
Nem precisa dizer como é importante ter esses retornos. Ajuda muito a quem está do lado de cá. Obrigado a todos!
Iniciei saudando a corrida e a endorfina. Estava “sem saco”, como diz Henrique, mas bastou uma corridinha para surgir um assunto! Vamos seguir então....
Sempre tive tendência a engordar. Faz parte da minha natureza. Tenho o pecado da gula instalado na minha pessoa. Diz a lenda que Vó Nancy tem uma parcela de culpa nisso. Ela e Santa Rita dos Impossíveis. Essa história posso contar em outra oportunidade para os que não conhecem. Mas como sempre gostei de me movimentar, o gasto de energia é grande. Vou me virando e tentando manter o peso. Mas pedido de vó, endossado por santa é dureza!!   
Correndo pela rua, pensando nas aulas de marketing adaptadas à realidade local, nos alunos, mercados, demandas, vendo gente pela rua, Brasil, Angola, o que vou jantar, música no mp3... Quem corre sabe que nesses momentos “nós mesmos”, um pensamento puxa outro. Ôpa, acabei de decidir. Vou escrever sobre hábitos alimentares em Angola.
Os índios brasileiros têm a mandioca como base de tudo o que comem. Duda, em suas missões médicas, viveu isso e conta suas experiências. Meu irmão, homem lapidado, adepto de coisas finas, deve ter feito um sacrifício. Só um pouco, pois não fomos criados com frescura...
A mandioca também reina por aqui. A vedete é uma espécie de pirão, chamado de funge. Mais encorpado que o nosso, um pirão de corte! E vai com vários tipos de acompanhamento. Tem funge de milho também, com aparência de uma bola de canjica, porém salgado.
Funge, um primo do nosso pirão.
Aqui se come muito peixe. Bacalhau então nem se fala. Acredito que tanto pela influência da colonização, quanto pela facilidade de armazenagem e transporte. Não se come muita carne de boi. A criação de gado foi praticamente extinta por conta da Mosca Tse Tse, a transmissora da doença do sono (tripanossomíase). Acho que surtiu efeito, não vi nenhuma por aqui!!! Meu chefe, que é biólogo, contou que a mosca prefere o sangue do gado bovino ou de antílopes, além de áreas alagadas para depositar os seus ovos. Ah, no caminho de Luanda para o Zaire vi muitas armadilhas para captura das Moscas Tse Tse, colocadas pelos chineses, para pesquisa e controle. Essas duas medidas foram eficazes no controle da doença. Aqui em Mbanza Kongo não ouvi nem falar. Também não vi um boi. Alex me disse que aqui perto estão começando uma criação intensiva, numa super-fazenda. Quero ir lá, ver esse gado. Só vejo cabras, muitas soltas pela rua.
Nas poucas opções de restaurante, ou melhor nas duas, se encontra Funge com tudo no cardápio. Com febras (visceras bovinas), com carne de cabra, com frango ensopado e por aí vai. Ainda não encarei. Mas vou.
O prato mais barato do cardápio do hotel é lagosta. Estamos em uma província que produz muito fruto do mar. Para terem noção, meio galeto, com fritas e arroz custa 2000 kwansas, o equivalente a uns 35 reais. A lagosta custa 1200 kwansas, uns 21 reais. Só que o fornecedor de lagosta do Soyo (cidade litorânea do Zaire) deve estar de férias. Desde que cheguei aqui que ele não aparece..... Coisas de Angola.
Tem sete anos que a guerra acabou. Os reflexos disso são muito evidentes. Não se consome tanto refrigerante. Muitas pessoas ainda vivem do que produzem – mandioca, frangos, cabras, feijão, milho. A maioria delas. E por isso não vi gordos em Mbanza Kongo. Nas minhas turmas não encontrei nenhum. Nem no trabalho. Mercados inexplorados e inexistentes, muitas demandas reprimidas, tantas ofertas insuficientes. E no fim do treino tocou um rock antigo que diz assim:
“Não é nossa culpa, nascemos já com uma benção.
Mas isso não é desculpa, pela má distribuição”
Sei que não vim aqui só para dar aulas e ganhar um dinheiro. Só não sei que coisa está por trás disso tudo.  Enquanto não descubro, vou trabalhando, correndo, lutando contra a promessa de minha avó, me entendendo e esperando chegar a lagosta!!!!!
Oportunamente, lembro que saco vazio não fica em pé. Esses dirigentes do Bahia tão brincando... não pagaram o salário de setembro dos jogadores... boleiro é cheio de macete.... os caras sabem muito bem como cobrar o salário. E a torcida fica com o coração na boca, faltando 4 partidas para o final. Olhem que stress.

3 comentários:

  1. Fala Heitor!
    Já que vc falou propósitos outros para a sua viagem a angola,lembrei de uma história interessante que D. Laídes contou essa semana.
    Disse que, sem saber da sua viagem, a mulher de Biu telefonou contando que sonhou que vc ia para a África alfetizar crianças pobres...
    É mole...?

    ResponderExcluir
  2. Heitor,
    Como vc sabe já morei em Angola, más você fez uma definição tão fidedigna e com tanta sensibilidade que eu posso afirmar que seu coração já virou Angolano., Aí, meu irmão para desapegar é fod... Vai aparecer trabalhos e projetos e o geito é virar Angolano. Estamos juntos.

    ResponderExcluir
  3. E ai meu velho! Pensei de ver meu nome no seu blog, sacanagem! Eu acho que fui ums dos unicos que disse a vc quando surgiu essa oportunidade ai que disse, SE JOGA HEITOR!!! Meu irmão tá la a 3 anos chupou o osso no inicio e agora ta comendo filé. Esta longe de quem agente ama é f...!!! Fica com Deus irmão!!!Abraços

    ResponderExcluir