domingo, 7 de novembro de 2010

Caruru ou Calulu?

07 de novembro
Quem pensa que a conversa sobre comida acabou está enganado. É que não devemos ser prolixos, principalmente em textos de blog. Essa deve ser uma leitura rápida.
Hoje poderia tranquilamente escrever sobre religião. Na frente da minha janela está acontecendo nesse momento a ordenação de três padres. A comunidade católica de Mbanza Kongo está em festa e a cerimônia já caminha para 3 horas de duração. “Bem aventurados os breves de palavra...”. É por essas e outras que o povo anda debandando da igreja. Mas escrevo sobre isso depois.... outro dia.
Pouco depois do post de ontem, Tia Memélia me escreveu pedindo para pesquisar mais sobre as influências africanas na nossa comida baiana. Já estava prevista uma parte II, já que não deu nem para começar.  
Sofremos interferência da culinária angolana nos nossos pratos. Em especial no uso do azeite de dendê. Aqui se usa bastante. Mas não vi acarajé nem abará. A equipe da empresa que fica em Luanda, na sua maioria baianos, sempre comenta que se tivesse uma baiana de acarajé no Belas Shopping ficaria rica.
O nosso caruru é uma versão ou derivado do calulu (com L mesmo) angolano. Ainda não experimentei, mas como diz meu amigo Ney Cacim, “tenho condições”. Bom lembrar do parceiro, um faminto insaciável e bom de garfo. Quando se trata de comida, Dr. Ney topa tudo!!!! Só é exigente com a estética das suas namoradas. Hahahahaha. Figuraça esse Ney.
Voltando ao calulu, consegui uma receita, graças ao Google. Chequei aqui e é isso mesmo. Anotem aí:
Calulu
- 1 Kg de peixe fresco (pode ser robalo)
- 1Kg de peixe seco (corvina, por exemplo)
- Azeite de dendê
- Doze quiabos
- Dois tomates
- Meio quilo de espinafre
- Duas cebolas
Acrescente primeiro o azeite na panela aquecida. Logo depois, acrescente o alho, a cebola, o tomate, peixe fresco e o peixe seco. Em seguida, acrescente o restante dos temperos, que é o espinafre, os quiabos. Depois tampe a panela para que cozinhe no vapor.
Deixe cozinhar durante 40 minutos. Engrosse o molho com um pouco de maisena ou fubá diluído em água. O acompanhamento do calulu é o funge (faz com água aquecida com fubá de milho ou de mandioca. Pode também substituir a água pelo caldo de peixe). Serve quatro pessoas.
Calulu angolano
Deve ser bem gostoso esse negócio. E vocês notaram, o que acompanha é o funge!
Aqui se come muito feijão. Tem só temperado ou com as carnes, a nossa feijoada. Não tem diferença. Vi feijão preto, branco, mulatinho. Igual aí. Mas eles têm aqui um feijão com óleo de palma. Eu não curti e nem encarei. Não gosto de feijão com caldo grosso. Minha ignorância em botânica me levava a acreditar que esse óleo era produzido da palma que temos no nordeste, aquele cacto que se utiliza na alimentação do gado, cabras, ovelhas. E até humana. Mas não é. Quando eles se referem ao óleo de palma é da palma oleaginosa, o nosso dendezeiro. Ignorância pura!! Só que é o óleo refinado.  Descobri pesquisando, pois quando perguntei lá em Luanda se o feijão era com dendê algumas pessoas disseram que não, que era com palma. Acho que meu pai mataria essa charada fácil, não “comeria mosca”. O cara é fera em biologia e botânica.
Falei para Henrique e Cissa que aqui tem refrigerante de tamarindo, o Blue Tamarindo. Tem o de maracujá também. Ah, aqui tem “Fanta Ananás”, o nosso abacaxi. Como estou sem tomar refrigerantes por conta da promessa de minha avó, ainda não experimentei. Mas hoje é domingo, provarei um desses daí. E vou levar umas latinhas para degustação.
As cervejas são uma outra conversa, que vai render e agrada muito aos meus. Dos dois lados. Mas vamos deixar combinado que faremos isso em outro post.
E a missa de ordenamento continua. Começou 9h e já passa das 13h. Sol forte, missa campal e o povo não arreda o pé.   

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