No final de 2011, mais precisamente dia 13 de dezembro, fez um ano que retornei de minha temporada em Angola. Depois de postar o link do meu blog no Facebook, só para registrar o “aniversário”, quase que imediatamente (aliás ele sempre está online), o amigo Robinson Amorim sugeriu que eu fizesse um último post. Para fechar de vez, já que não sabia que não retornaria para a África, e deixei blog em modo pausa. Um ano parado.
Na África aprendi muito.
Aprendi que “miséria é miséria em qualquer canto”. E que “riquezas são diferentes”. A fome, a pobreza, a falta de acesso à educação e à saúde daqui são “arraias miúdas” comparadas às de Angola. Nada está tão ruim que não possa piorar.
Aprendi que capoeira e candomblé são brasileiros, não são africanos. Definitivamente são frutos da mistura de influências negras e índias que formaram a base do nosso povo.
Aprendi que a guerra deixa seqüelas físicas, psicológicas e culturais. As duas últimas são muito mais duradouras que a primeira.
Aprendi que a musicalidade, a alegria, hospitalidade do nosso povo, essas sim, são heranças africanas.
Aprendi que tudo o que falam sobre o poder de capilarização da Igreja Universal do Reino de Deus é a mais pura verdade. O Bispo sabe mais marketing do que muito doutor desses que estão por aí!
Aprendi que por mais adultos que sejamos, minha mãe precisa ter sempre o controle da situação para ficar bem. Aprendi que estava errado, pois achava que quem precisava se sentir no controle era meu pai! Estava enganado.
Por falar em meu pai, aprendi que ele participou e participa muito mais do que eu imaginava na formação do meu eu.
Aprendi que Cissa e Henrique são fortes e parceiros. Enfrentaram com maestria a dor da saudade.
Aprendi que a fruta só dá no tempo. Fui tão longe, para ficar tão perto.
Aprendi que o Jiu Jitsu é algo que me faz muito bem, apesar de eu não ter dado muita atenção a isso ao longo dos anos. Por isso, meu segundo mestrado será na Arte Suave, com dia e hora para acontecer.
Aprendi que tenho mais amigos que imaginava. E também aprendi que muitas pessoas gostam de mim e me acompanham de longe.
Aprendi que a escrita me faz bem.
Aprendi que posso ficar um tempo sem surfar, sem o mar. Só que não pode ser por muito tempo....
Fui para Angola ser professor. Só que aprendi muito mais do ensinei.